quinta-feira, julho 22, 2004

Cansado de tanto esperar, cansado de tanto tentar...
Cansado, sim! de todos os músculos, de todo o corpo, de um todo...
Cansa-me a espera, a ausência daquilo que se espera, a teima do tempo em prolongar, retorcida vontade de uma não vontade...
Cansa-me porra!
Cansa-me a luta que crias, cansa-me o que querias, cansa-me a felicidade, cansa-me estar cansado.
Faz-me cansar com a espera... Faz-me teu escravo, teu escriba, teu sonho...
Faz-me esperar!
CANSA-ME!
Tenho o tempo que me deixas na mão, cansada, sem conseguir agarrar.
Espero cansado de tanto tentar...Ainda assim...CANSA-ME!

terça-feira, julho 20, 2004

Sem luz lá dentro...

Os dias arrastavam o corpo devagar, davam passagem às horas, deixavam cair os minutos, o calor que os rodeavas estonteava vontades, esmorecia crenças, custava-lhe mexer os olhos, teimavam em fechar, queria esquecer...Cada dia que passava, pensava... noutro dia que faltava... ainda lhe doía mais o corpo, ainda sentia mais o corpo, a sua presença manifestada em pequenas gotículas de sal, desciam de dentro caiam lá fora, tecido moldado, pele insuflada, mostrava-lhe a crua realidade, estava quente, muito quente... e ele continuava tão frio por dentro, tão frio.Deambulava pelas ruas, arrastando o tempo  a passos mortiços, a braços bamboleantes no pedir, na pele a tez do negro interior, já não tinha luz, já não saia luz dos seus olhos-alma, era um corpo com o sonho morto...
 
 Dedicado aqueles que foram traídos pela vida...