Fumo mesto
Fazia arcos de algodão com jeitos de lábio, sentia na língua o sabor do tempo, era doce... Sabia que o gosto era traiçoeiro, mesmo assim, puxava-os nos dedos entretidos, tomava-lhes a medida no crepitar baixo do papel, por debaixo e dentro dele, morfina retorcida com os movimentos feitos, ria baixinho de tantas cócegas feitas...no final sabia-o ... ia ficar ali, desfazer-se-ia por entre dedos, na boca, morreria em mim, matéria feita ar em mim carregado.
Quantas vezes vira cenários dantescos nos olhos dos outros, na sua companhia, vira corpos tombar, deixar este para entrar noutro mundo, mentes perdidas dentro de si de tanto lutar por uma saída, vira tudo... tinha descido, caído... vi descer e outros tantos tombar... na sua companhia... nunca deixava, acompanhava os passos certos...pisava o tempo com a boca cheia.
e em argolas de cotão vivia...
Uma morte às prestações...