Re.Viver

O hábito pode levar à morte...

Hoje vi-a de frente, os seus olhos nos meus, entraram, sondaram, dedos seus beijaram-me a pele... não tive medo... calmo, sereno.
Deixou-me seguir, a seguir cai, uma espiral descendente de medo subiu até às lágrimas que cairam... tinha ainda tanto para viver, tinha ainda tanto para dizer, tinha ainda...

Vou honestamente tentar ser melhor, dizer que amo a quem gosto, abraçar mais, a vida os amigos, os estranhos, a vida...

Desculpem-me este momento... mas cai, e ainda me doem as convicções do hábito que me iam levando daqui...

Quero

Podia acabar, mas não quero...
Podia deixar, mas não quero...
Podia virar, mas não quero...
Podia, mas não quero...
Quero recomeçar todos os dias o virar de uma página, não deixar fugir nem um segundo por entre os dedos...
dizes-me para deixar de correr...
fá-lo-ei até não dar mais, até não mais me dar. Pararei quando a máquina parar, o fugir do tempo, o deixar para trás, correr mais que ele, contra ele...quebrarei muros, violarei tempos..
só pelo momento de ser...

Só porque eu Quero... só porque eu te quero.

Morder

Sentia vontade de te morder... de te sentir o sangue quente e férreo, correr dentro de mim... beber-te toda, entrares, veludo-carmim, chumbo líquido em mim... e egoisticamente, deixar-te, corpo deitado, vazio de ti... Saber os sentidos, adivinhar-te palavras no voar do tempo, descair por ti dentro de mim, embrulhar-te o sonho em gotículas minhas...
Por fora tenho já o cheiro de pontas de dedos teclantes, musicais sentimentos de derme, pianissimo sentir... de te sentir...
Quero-te agora dentro, entre o fora e até aos ossos...