quinta-feira, dezembro 11, 2003

"A pintura é poesia silenciosa, a poesia é pintura que fala."
Ceos, Simônides

E eu que queria tanto saber pintar os sons...

quarta-feira, dezembro 10, 2003

Deleitada

Queria, queria-te aqui deitada, prostrada... sem movimento de corpo ou mente... somente, só.
meus braços choram teu corpo, olhos de ti, vêem o negro em que fico... deito-me a teu lado, sinto a tua falta...nos momentos em que me falhas, foges-me por entre ponteiro-navalhas, rasgas tempo para mim, quebras vontades sem mim...

E eu aqui...
Mudo, mudo a vontade de uma voz interior que teima em sair em golfadas... de silêncio...

terça-feira, dezembro 09, 2003

Cirandando

Vageava por entre as ruas arrastando pés de chumbo , sua alma pesava lá dentro... a cada passo enterrava mais e mais o presente, sentia o cheiro do futuro nauseabundo, entranhar-se nas narinas... respirava com dificuldade... o passado puxava-lhe a mão para lembrá-lo do erro... tinha caído em desgraça, enganado por um céu térreo, aqui, mesmo à mão de semear... Definhava... agora a mente..., pois o corpo era um espectro do que fora, sombra de uma vida perene... de vícios de adultos em corpos de crianças...
Arrastava mais os pés, pontapeava folhas de vento, pedras de sonhos, enrugava caras à sua passagem... ninguém o via, aliás, sentiam-lhe o cheiro do desespero agarrado às roupas-pele encardida...
Agarrava a morte que lhe escapava a cada esquina, a cada canto...
Não sabia já seu nome, tivera-o... de tanto uso esqueceu-lhe o som...
Não sabia já a sua morada, tivera-a... de tanto de lá sair esquecera a entrada...

Cirandava por aí...sem passado nem futuro, e com um presente chumbado...

à C.S. pela bússola e sextante...