sexta-feira, março 19, 2004

Amendôas...

O corpo passeava-se pelos cantos da cidade, lembrava searas nas cores que reflectia, os tons acobreados do adormecer do dia , davam-lhe uma aura quase angelical...

Os olhos dos outros desciam mãos languidas pelo seu corpo, sentia-os, repugnava-a ...
Mas aquelas amêndoas, aquelas especificas, essas não a rasgaram de desejo, antes fosse... as caricias quentes que deixaram, nunca mais as esqueceu... desde aquele dia, que espera o seu desabrochar de entre multidões sôfregas, desde esse dia que nunca mais é dia... Amava aqueles espelhos, revia neles o que era e queria, com um simples olhar... entrou nela, penetrou-a como ninguém o fizera até então, tremeu por dentro... abalou o mundo solitário que era o seu...
Tinha-se já cruzado com o AMOR, ele tinha olhos de amêndoa, corpo de calma, mãos visuais...
e não o agarrara...
Só de o saber prolongava a sua existência... até ao fim.