Metal Cobarde
O metal frio gelava a vida que por debaixo corria,
O empurrar da vida sentia-se nas gotas que lhe caiam da fronte...
o aperto do escuro dobrava já a esquina quando tudo se assemelhou, quando tudo se passou, naquele momento, naquele segundo, sem rasto nem pudor de figurante, protagonista de um filme que não era o seu... Havia já uns dias que sentia aquela tontura, o regurgitar do absorvido, a náusea, o mal-estar, os exames diziam o que sempre disseram, nada, sangue, punção, ressonância do que não ecoava, o seu corpo não tinha voz, não era o que sempre o acompanhara. O resultado veio mais cedo, mais cedo veio a esperança, num susto de corpo, num martelo-giroscópio no interno ouvido demente, era só desequilibrio.
Ao dobrar a esquina o claro-bem-estar cedeu passagem ao escuro-medonho, apagou, desfaleceu...
Acordou. O metal frio gelava-lhe a vida, esbugalhou olhos na esperança de focar, a silhueta do mal apertava mais a cada segundo, mão tacteante rasgava-lhe o pudor e não compreendia...
já nada importava...
O metal roubara-lhe a vida num rasgar, pingar de vidas...
tinha sido brutalmente assassinado, pelo vil metal.
Agora também ele deixara de ter voz no corpo que se espalhava na calçada com sabor férreo.
E pelo vil metal...
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