quinta-feira, janeiro 22, 2004

Sob os pés

Vês o astro que não se sente, o frio quebra-lhe o sensorial... formasse ele uma imagem tangivel na pele, dirias que acreditavas na sua existência...

Sobe sob os pés, atravessa solas cansadas, entra-te na derme, come-te o ósseo... e cresce até ao bater dos dentes... renasce onde é deixada... a morte sob os pés, pisa-la todos os dias, e faz-te sentir vivo... ao passares no escaparate vês-te nele, parado, imobilizado, o teu outro eu, aquele que é dos outros... adivinhas-lhe as cores que não vês, deves ter o nariz vermelho e as mãos gretadas, pingam cansaço no seu vai e vém opalino...
Deves ser esse que imaginas e os outros acreditam, julgas-te por momentos que em ti jaz o astro vivo num corpo morto... és da terra até ao céu tudo, o frio que sentes ao sol que mentes.