segunda-feira, agosto 16, 2004

Desculpa

Deixava cair dos bolsos minutos perdidos, no caminhar alterado, passeava o corpo pelo tempo, carregava comigo aquele tempo em que o sorriso saia sem esforço...Hoje no dobrar, torcia o tronco com o esgar de lábios, arrancado da vida por breves momento, sorria! A criança que trazia na mão chorava a perda, chorava o tempo que lhe caia como a areia lhe caia no castelo agora banhado pela agua, no ritmo aquoso, languido, a vida puxava-a, carregava-a, agora mais triste tinha o castelo ficado atrás, um monte reflectido do cobre-luz, num lusco-fusco da vida, outro dia apareceria, outro dia acordaria e a mesma cara, o mesmo corpo, a mesma vontade...queria mudar o mundo com o sorriso, mas o mundo tinha mudado o sorriso. Tardava, desanimava, a criança tornara-se Homem, e de mão dada, continuava... deixava cair sorrisos das mãos, dos meus bolsos o tempo, do coração choro-vermelho, raiva na pele curtida, cabelos chama, olhos-faca, andava... tic-tac! Rebentaria a qualquer momento, mártir de mim mesmo, esperava a desculpa, crescia em mim e espalhava, rastejava para fora o ódio que sentia dentro, esperava uma desculpa, rebentava...tic-tac! esperava o meu tempo com o esgar nos lábios.