sexta-feira, julho 16, 2004

o silêncio desceu assim

Deixava-me cair, flutuava ao vento, áptero, caía... descia em mim a calma do silêncio.Nos olhos batia um horizonte que não conseguia entrar, queria absorve-lo todo de uma só vez, escassez de tempo real, tingia sonho de prolongar... Voava, esvoaçava, flutuava... o lençol por cima teimava cumplicemente a resistência da descida. O vento na cara, o frio que descia até aos ossos, arrepiava, sentia vida dentro e todo um mundo ali fora. Estendi braços na ânsia de acariciar a terra, parecia veludo verde... E descia, crescia a cada bater de tempo... momentos antes a vida escorria-me da memória, a queda no falso azul era extasiaste, embriagante, o vermelho correu mais forte, o medo cresceu mais o que conhecia, o beijo negro da partida descia de mãos dadas nesses longos e intermináveis segundos, depois... uma mão segurou o corpo já no limite, o barulho, a neblina visual, tudo cessou...A calma instalou-se, o silêncio desceu leve, assim...
 
 
A ti Cát. S., a vertigem calma que transforma a minha existência