segunda-feira, novembro 24, 2003

Mão-Parteira

crio, sou mão-parteira...
Nascem-me dos dedos, pontas de sonhos a traços fortes, a tinta lenta
verde-violetas de caras espantadas, espalhadas, espalmadas no plano da tela...
gritos de unhas... arranco a custo minutos pendurados no ar, agarro-os numa rede-tempo...
saltam, gritam tic-tac´s obtusos, abelhoados, zunem rápidos um tempo agora morto...
olho e não vejo... estou cego...de momento estou cego... fechei os olhos de mim, deitei-me todo num tempo escrito a acrílico, esculpido a pincel, sou tela, quadrada, rectangular...
Renasci lá, nasci de mim, saí de mim, cego...com olhos-memória, vejo o que imagino, nem imaginam o que vejo...

Uma mão-bengala,
guiada por um gato aos ésses...