Trôpego
Dormente, demente...
Deitado numa cama que já não está...
mãos dadas com dedos emprestados;
mãos cansadas
mente cansada, esgotada, ao acaso deixa cair pensamentos nas mãos que não são dela
crescem num quintal alheio, colhem num repente o que não foi plantado pelo momento
florescem alheios à passagem do tempo
Pensamentos-alface, frases-tomate... fora do tempo
Colhidos em contratempo, por mãos dementes, inseguras, sem o acompanhar da mente
que fora delas comanda descomandada, trôpega...
Cansada
Quebrada,
Murcha nas mãos que não pegaram a tempo...
Por bocas-ouvidos cerrados pela fome...
famintas bocas, ouvidos moucos...
Estalam nas mãos, estalam as mãos...
um ruido surdo, inseguro, mudo...
ausente
mãos reprimem o pensamento
visão desfocada, num teclado de alfacese tomates
Dedos deslocados...alheados...
Correm desgovernados, em todas as direcções menos aquela...
deixam marcas no quintal-teclado...
o resultado:
Demência trôpega em mãos
com dedos alheados
com uma mente cansada.
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