quinta-feira, outubro 23, 2003

Banco de Tempo

Sentado num banco do tempo
Voo de estacao em estacao
em ocasos de vida
deixo par trás
Faz-me avançar
Mais outra
Entro nesta personagem
como quem despe outras vidas
e veste o presente
Sentado no banco
de um tempo só meu
Olho a janela
vejo-me
vejo vidas lá fora
e presas no cristal
o oposto externo
Olho-me
e por momentos
visto também outra
vida que nao a minha
Contorco-me na memoria
de um olhar trocado
de um cheiro culpado
Calcado pelo tempo
intercalado
um caleidoscopio de sensaçoes
todas sao uma vida ja
passada
revista nos pequenos ponteiro
que insistem em nao parar
Estou quedo
num movimento vitreo
A cena passa todos os dias
diferente
no mesmo teatro da vida
No seu crepusculo, um final
cobreado... soltam-se ja
pinceladas de negro
Neste momento onde o rubreo
disforma a vista
incandeia pedras e ferro
como grito final
dum encantado azul-violeta
que o estrangula e empurra
Para baixo.

dedicado a C.S.