terça-feira, outubro 28, 2003

Mar salgado

Caem,
Mergulham no vazio, a correr
Têm uma pressa de morte, ressuscitam num mar
térreo, deslizante, rastejante ; No seu caminho batem, esbatem, explodem em nuvem de choro.
Juntas destroem , carregam, levam o caminho, abrem caminho...
As gotas, a água...
O mar de lama....
Correm gotas de teus olhos, esbatem na pele que as deixa sair, saem da morte interna, saem com a morte eterna, transportam juntas um dilúvio de incompreensão, desilusão...
E à sua passagem destroem, engolem o ser que as deixa, levado, quebrado, derrotado
Num choro de morte, esquecem a vida
São gotas de morte, o choro da alma azul-difusa...
São um mar de pele rosácea, salgado , indomado...
Saem de ti, mergulham em quem passa,
destroem o olhar de quem vê...
Corroem o ar que te rodeia, sentes que te falta o ar,
Soluças golfadas de ar, afogas-te, na morte do choro ...
sentes que te faltam as forças para dobrar a vontade de deixar ir,
de te deixares ir, braços em baixo,
desistes por momentos, breves, frios, leves, dirias mesmo que confortantes...
não fora o fogo que grita dos pulmões por ar
por golpes de ar ausente, a vida grita...
e no mar de dentro, afogas-te, requebras o ser...
sais de ti em gotas... tiram de ti as forças... em gotas de morte...
Ar! Ar! Sentes um fogo dentro de ti, cresce e apaga a água que te sai...
cais, dobras, quebras, desmaias a vida, deixas a morte, fria, azul, plana,
e no mar salgado vives... revives, recobras...
meio-viva deitas o corpo no chão da vida, sentes a dor nos pés... Vives!